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Mar Negro

Titulo Original: Black Sea

Clichês não apagam interesse por Mar Negro como filme de ação e aventura

Adalberto Meireles | Jornalista

Foto: Divulgação
Foto: Divulgação

Trata-se de uma produção do Reino Unido do cineasta escocês Kevin Macdonald, que ganhou o Oscar de Melhor Documentário de Longa-Metragem em 2000 com Munique, 1972: Um Dia de Setembro e dirigiu O Último Rei da Escócia (2006), Oscar de Melhor Ator para Forest Whitaker no papel do ditador de Uganda, Idi Amin.

Mar Negro tem como chave um episódio da Segunda Guerra, sendo uma variação em torno do que estaria por trás da invasão da União Soviética por tropas nazistas, em 1941, depois de assinado um pacto de não-agressão germano-soviética, em 1939. Em pleno conflito mundial, as relações comerciais com Adolf Hitler teriam sido abaladas pelo fato de um submarino procedente da URSS, carregado com duas toneladas em barra de ouro, nunca ter chegado à Alemanha.

O filme de Kevin Macdonald não se predispõe a um estudo sobre o conflito mundial, nem se concentra na época. Toma os fatos apenas como um elemento para abordar a história do capitão de submarinos Robinson, interpretado por Jude Law, que depois de 30 anos dedicados a salvamento é dispensado pela empresa de operações marítimas onde trabalha. Ele se une então a companheiros tão destruídos emocionalmente para resgatar a embarcação que afundou nas águas escuras e geladas do Mar Negro.

Ninguém ali tem nada a perder. Robinson acabou afastado da mulher e do filho. Todos, já chegando à meia-idade, são párias. Renegados de uma forma ou de outra: do psicopata capaz de matar por razões absolutamente corriqueiras e banais ao garoto deserdado que é levado ao capitão em consequência do suicídio de um companheiro igualmente arrasado, eles partem na missão que se revelará mais perigosa ainda por envolver gente inescrupulosa encerrada em um ambiente claustrofóbico.

Não é novidade. O cinema abordou o tema da caça ao tesouro, e as consequências em decorrência da ganância, sob os mais variados aspectos. Aqui, Kevin Macdonald não consegue fugir ao lugar-comum e ao estereótipo, alternando sentimentos como desespero e dúvida a reminiscência ao passado.

Sobretudo de Robinson, que incorpora a missão como um obstinado praticamente em busca da remissão dos pecados com família. Ao rapaz mal saído da adolescência que o procura, e coopta para a operação, ele vai dedicar um carinho paternal um tanto quanto constrangedor.

Mar Negro, no entanto, até mesmo pelo tema abordado, consegue se sustentar em quase duas horas de projeção. Seja pela narrativa sufocante, seja ainda pela habilidade de Macdonald em lidar com os clichês, construindo bons momentos de ação e agonia.

É bom lembrar que, além dos filmes citados, há empreendimentos ousados na carreira do cineasta. Marley (2012), documentário inédito comercialmente no Brasil sobre o Rei do Reggae, cuja família deu autorização para usar imagens do arquivo pessoal do cantor, e A Vida em Um Dia (2011), com a edição de 4.500 horas de imagens colocadas no YouTube por milhares de pessoas de 190 países.