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FILME

Criticas

Beijei uma Garota

Titulo Original: Toute première fois

Equilíbrio nas relações entre homos e héteros

Adalberto Meireles

O filme começa com uma reflexão sobre quem é visto na rua correndo ou apressado logo pela manhã. Em Beijei Uma Garota, essa pessoa é Jérémie (Pio Marmaï), um executivo de 34 anos que tem um caso há 10 com o médico Antoine (Lannick Gautry). Ele está prestes a casar e praticamente caiu da cama ao acordar e perceber que transou com a sueca Adna (Adrianna Gradiziel), depois de uma noite de bebedeira.

Fato dado ao espectador em raríssimos minutos, no filme de Noémie Saglio e Maxime Govare, Beijei Uma Garota é um exemplo da eficiência da nova comédia comercial francesa, presente em uma série de filmes despretensiosos. São produções bem feitas, com diálogos leves e bons roteiros.

Começa que é uma inversão total comparada aos filmes que tratam de questões afins. Em vez de pôr em evidência um heterossexual convicto que se descobre homossexual, vai por um outro caminho: a noite com Adna foi muito mais que uma farra para Jérémie. Ele vai se consolar com Charles (Franck Gastambide), o melhor amigo e sócio, um machão que inadvertidamente será uma espécie de fiel da balança que ameaça pender para a provável nova orientação sexual do rapaz.

Em situações recorrentes, o amigo mostra curiosidade sobre o que Jérémie e Antoine fazem na cama. Os pais do rapaz acolhem o médico como genro ideal, mas desdenham a filha heterossexual. Caminhos os mais improváveis tomam o filme com situações nada sutis e tiradas escrachadas em cima de clichês e invertendo a ideia de correção política. Por paradoxal que pareça, Beijei busca equilíbrio na relação homo/hétero. E faz isso com alguma mordacidade, tirando sarro.