Cineinsite

FILME

Criticas

Quarteto Fantástico

Titulo Original: Fantastic Four

Nova versão do Quarteto Fantástico faz várias mudanças sob a direção de Josh Trank, mas falta empolgar

Chico Castro Jr.

Foto: Divulgação
Foto: Divulgação

Foi com esperança que os fãs de quadrinhos receberam a notícia de que a Fox reiniciaria o Quarteto Fantástico no cinema sob a direção de Josh Trank.

Afinal, trata-se do mesmo diretor de Poder Sem Limites (Chronicle, 2012), um filmaço de baixo orçamento que já analisava, em contornos trágicos e tão realistas quanto o possível, o fenômeno dos super-heróis no cinema.

Depois das versões meio infantilizadas do diretor Tim Story lançadas em 2005 e 2007, Trank parecia a escolha ideal para um novo Quarteto.

Com o filme finalmente nas telas, porém, vê-se que ainda não foi desta vez que a amada criação de Stan Lee e Jack Kirby ganhou sua transposição definitiva para o cinema.

Trank fez quase tudo o que se esperava dele: reinventou a origem do Quarteto, trocando a viagem espacial original por teleporte entre dimensões.

Também mudou a paleta de cores, trocando o colorido berrante dos filmes anteriores por uma fotografia mais sóbria e escura. Da mesma forma, subiu uma ou duas notas o tom dramático da trama e das relações entre os personagens.

Mas, como dizem os franceses, plus ça change, plus c'est la même chose: quanto mais as coisas mudam, mais permanecem as mesmas.

Até aí, nada demais, afinal, o Quarteto é o Quarteto e é isso que as pessoas querem ver. O problema é que Trank se preocupou tanto com os detalhes, que simplesmente se esqueceu do principal: empolgar os espectadores.

Fracasso que se anuncia

O filme até começa bem, centrando a narrativa no jovem gênio científico Reed Richards (Miles Teller, de Whiplash) e sua amizade com Ben Grimm (Jamie Bell, de Billy Elliot).

Levado a um centro de pesquisas pelo Doutor Franklin Storm (Reg E. Cathey), Reed conhece seus filhos Sue (Kate Mara, de House of Cards) e Johnny (Michael B. Jordan, de Poder Sem Limites), além do antipático Victor Von Doom (Toby Kebbell).

Eventualmente, o grupo sofre um trágico acidente que o leva a ganhar superpoderes. A caracterização dos personagens em si está correta, especialmente Ben Grimm / Coisa, mais monstruoso e menos amigável que de costume.

E é a partir da transformação do grupo que o caldo de Trank desanda. Ao invés de partir para a ação super-heroica de uma vez, o diretor, no afã de conceder mais “realismo”, quebra o ritmo da narrativa com um desvio na trama, adiando o quebra-pau final.

O qual, como se não bastasse, se resume a uma única cena que é, francamente, meio chinfrim. O que se comenta na imprensa internacional é que o estúdio Fox não apostou tanto assim na produção, concedendo ao diretor um orçamento modesto em termos de filmes de super-heróis: 120 milhões de dólares – menos do que os 130 milhões do filme anterior, Quarteto Fantástico e O Surfista Prateado – de 2007.

Adicione-se a isto os diálogos bisonhos cheios de clichês das cenas de ação e o resultado geral do filme é, com o perdão do termo, brochante.

É de se perguntar, após este fracasso que se anuncia, se a Fox não pretende largar o osso e entrar em um acordo para devolver os direitos sobre os personagens ao Marvel Studios, como fez a Sony com o Homem-Aranha.

Afinal, sob sua tutela, a Fox já produziu três filmes com o Quarteto – nenhum deles satisfatório. OK, a Fox ainda detém os X-Men, com os quais tem feito bons filmes, apesar de uma ou outra derrapada.

Mas os planos já anunciados do filme crossover juntando os dois grupos deverão passar por uma séria revisão após este resultado desanimador.