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Linda de Morrer

Titulo Original: Linda de Morrer

Comédia apela para o caricatural ao criticar os cosméticos milagrosos

Rafael Carvalho | Especial para A TARDE

Glória Pires protagonizou uma das franquias de comédia de maior sucesso comercial da Globo Filmes nos últimos anos: Se Eu Fosse Você e ainda uma continuação – juntos os dois filmes levaram quase 10 milhões de pessoas aos cinemas.

Agora, a atriz retorna aos papéis cômicos em Linda de Morrer, na pele da dermatologista Paula Lins, que descobre um remédio milagroso para curar a celulite. Mas ao tomar o medicamento, ela mesma sofre os efeitos colaterais e acaba morrendo. Seu espírito continua na Terra com a missão de alertar para os perigos do Milagra, como é chamado o remédio.

Parece mais um filme de temática espírita. Não é, mas em compensação é mais uma comédia caricata que se vende a partir dos exageros dos personagens em cena, sempre muito atrapalhados, o que rende momentos sem muita graça justamente por causa do excesso.

Indústria da beleza 

A diretora do filme, Cris D’Amato, esteve em Salvador para promover o longa e chegou a dizer que não é contra a vaidade nem os diversos tipos de cosméticos que existem no mercado. “Mas o que eu não acredito é nos produtos milagrosos. ‘Perca 7 quilos em uma semana’. Isso é mentira, tudo volta contra você”.

É nessa perspectiva que o filme ataca a vaidade feminina a todo custo. Tanto que o grande vilão da história é representado pelo médico Francis (Ângelo Paes Leme), parceiro de negócios de Paula que agora ignora os efeitos colaterais nocivos do Milagra e tenta comercializá-lo a todo custo.

Ao mesmo tempo, o filme mostra como todas as mulheres ficam alvoroçadas com a nova promessa medicinal. Desde a empregada de Paula até a apresentadora de um programa feminino, todas se tornam dependentes enlouquecidas do remédio assim que o experimentam.

A sequência com a apresentadora de TV, aliás, é uma das mais engraçadas do filme, momento isolado de como o humor revela-se mais acentuado, sem precisar cair no exagero.

Em vários outros casos, o filme tenta repetir essa estratégia, mas acaba apelando para o humor visual, como as cenas da doméstica, gordinha, dançando e se insinuando para outros empregados da casa. Até mesmo a composição de Glória Pires para a protagonista não foge de um tom over.

Subtrama amorosa

O filme tem tudo para atrair a atenção do grande público. Além do tom de comédia exagerada que tem sido a tônica dominante de grande parte da produção da Globo Filmes e que leva milhares de pessoas aos cinemas, Linda de Morrer ainda investe numa subtrama amorosa.

Isso porque a filha de Paula, a jovem idealista Alice (Antonia Morais), vai se envolver com o psicanalista Daniel (Emilio Dantas). Ele acaba recebendo o dom da mediunidade da avó que acabou de falecer (interpretada por Suzana Vieira, encarnando uma mãe de santo cheia de tiques).

É através de Daniel que Paula vai tentar se comunicar com a filha para juntos acabarem com a farsa do Milagra. É claro que os dois começam a se interessar um pelo outro no meio do processo, apesar das trapalhadas dele ao tentar convencer a garota de que consegue ver e falar com a mãe.

Nesse ponto, o filme aproveita também para promover um acerto de contas entre mãe e filha, já que ambas nunca se entenderam bem quando Paula era viva.

Linda de Morrer é uma narrativa recheada de elementos, abusando da comédia farsesca, mas com algo também de drama familiar, tentando se comunicar com o público através do lugar comum.