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Criticas

Nocaute

Titulo Original: Southpaw

Jake Gyllenhaal volta no papel de um pugilista em crise

Adalberto Meireles

Filmes sobre pugilismo e pugilistas já são praticamente um subgênero no cinema norte-americano. De Punhos de Campeão (Robert Wise, 1950) a Touro Indomável (Martin Scorsese, 1980) e Menina de Ouro (Clint Eastwood, 2004), o que está sempre em questão é a possibilidade de superação de um vencedor em crise.

Com Nocaute, de Antoine Fuqua, não seria diferente. Muito mais do que isso, o filme, que traz a história do lutador de boxe Billy Hope, é praticamente um extrato de tudo o que já se produziu no gênero, dada a quantidade de clichês na narrativa, o que em um primeiro momento não é problema.

Jake Gyllenhaal está de volta depois do notável O Abutre, para o qual perdeu vários quilos e concorreu ao Oscar de Melhor Ator ao interpretar o notívago e esquálido Louis Bloom, um ladrão de quinta categoria que vaga pelas ruas de Los Angeles roubando tralhas, no noir de Dan Gilroy.

Em Nocaute, ele recompõe o corpo sarado para fazer o lutador, um supercampeão dos pesos médios que se vê confrontado com a própria arrogância, determinada por uma tragédia familiar provocada por um desafeto.

Invicto há mais de quarenta lutas, casado com uma mulher adorável (Maureen - Rachel McAdams) e pai de uma menina esperta (Leila - Oona Laurence), perde praticamente tudo na vida, restando-lhe, como última possibilidade de redenção, a reconquista do amor da menina. Hope tem então que se agarrar a um fio de esperança.

O boxeador procura Titus Wills, um treinador do bairro pobre onde foi criado, com o qual vai aprender normas de convivência. Interpretado por um notável Forest Whitaker, o personagem é daqueles que fazem a diferença, com tiradas interessantes como “Deus tem um plano para mim, mas se esqueceu de me dizer qual”.

Diretor de filme de ação como Invasão à Casa Branca (2013) e O Protetor (2014), Fuqua mantém o interesse pelo filme. Sabe manipular bem o lugar-comum sempre presente na narrativa, neutralizando o tom melancólico natural resultante da tragédia familiar e da relação do pai com a filha, mas mantém-se longe do melhor do gênero.