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A Colina Escarlate

Titulo Original: Crimson Peak

Guillermo Del Toro acerta a mão na fantasia lúgubre "A Colina Escarlate"

Chico Castro Jr.

Foto: Divulgação
Foto: Divulgação

Mestre do cinema fantástico contemporâneo, Guillermo del Toro retorna ao filme de época de tons góticos com A Colina Escarlate, após o futurismo sci fi alucinante de "Círculo de Fogo" (2013).

É um terreno familiar para o mexicano, que já havia realizado "A Espinha do Diabo" (2001) e "O Labirinto do Fauno" (2006) ambientados em épocas passadas.

E quem conhece a cinematografia de Del Toro sabe: para ele, ambiência é tudo. E ele capricha em "A Colina Escarlate": a mansão onde se desenrola a maior parte da trama é uma verdadeira obra-prima de design e direção de arte.

Construída do zero para o filme, a mansão Allerdale Hall é talvez a grande estrela da película, de aparência lúgubre e decadente, com direito a parte do teto desabada, escadarias rangendo, mariposas, folhas secas, gosma vermelha brotando do piso e – claro – almas penadas à espreita.

Na trama, acompanhamos a jovem Edith Cushing (Mia Wasikowska) em sua mudança dos Estados Unidos para a Inglaterra, após casar-se com um certo Sir Thomas Sharpe (Tom Hiddleston) – o qual tem sempre ao seu lado a misteriosa Lady Lucille Sharpe (Jessica Chastain), sua irmã.

Nobre falido, Thomas está de olho na herança de Edith, a qual ele pretende investir em uma engenhoca que ele mesmo inventou, para extrair a argila vermelha que brota abundante do terreno de sua propriedade.

Mais fantasia que terror

Acostumada a ver fantasmas desde criança, quando sua mãe recém-falecida lhe apareceu, Edith, curiosamente, é incapaz de soltar um grito sequer quando criaturas assustadoras começam a surgir bem na sua frente, nos corredores escuros da casa.

Isso talvez quebre um pouco a expectativa de “filme de terror” para os espectadores hardcore do gênero. Na verdade, "A Colina Escarlate" está muito mais para uma fantasia lúgubre com doses de horror do que para um filme de terror propriamente dito.

Isso, porém, não diminui em nada o interesse na película, que reafirma Del Toro como um dos diretores mais interessantes e de assinatura mais pessoal da indústria.

Com uma sequência final de perseguição na neve que tem suscitado comparações com "O Iluminado", "A Colina Escarlate" transporta o espectador por quase duas horas para um mundo sombrio e belo, que sempre vale uma visita.