Criticas
Titulo Original: Bridge of Spies
Bruno Porciuncula
Esqueçam gadgets, belas mulheres e o mundo glamourizado dos espiões à lá James Bond.
Ponte dos Espiões, a quarta parceria entre Steven Spielberg e Tom Hanks, está mais para um filme baseado em uma obra de John le Carré – que já foi adaptado para o cinema nos excelentes O Espião que Sabia Demais (2011) e O Homem Mais Procurado (2014).
Há muito silêncio, alguma ação e – ao contrário das obras citadas acima – pouca tensão. Infelizmente.
A história real gira em torno do advogado de sinistros americano James B. Donovan (Hanks), que recebe a espinhosa missão de defender um suposto espião russo, Rudolf Abel (Mark Rylance, em ótima atuação), em plena Guerra Fria, em meados da década de 50.
Enquanto a opinião pública e os americanos querem a pena de morte, Donovan decide defendê-lo de acordo com as leis.
Quando um piloto americano é preso pelos russos, Donovan vê a chance de fazer uma troca. Ao descobrir que um estudante também foi preso pelos alemães, o advogado decide incluí-lo no acordo, para desespero dos superiores. Ele agora terá que trocar um prisioneiro por dois, com países distintos.
Caricaturas
O maior problema de Ponte dos Espiões é o roteiro escrito por Matt Charman e os irmãos Ethan e Joel Coen.
A relação entre Donovan e Rudolf é pouco explorada, o que a torna artificial. A tensão é inexistente na trama. Tom Hanks parece sempre tão tranquilo que em nenhum momento acreditamos que algo errado vá acontecer.
Como todo filme americano que se preze, os “vilões” russos e alemães são mostrados como implacáveis e até atrapalhados – o oficial alemão, especialmente, tem ataques à lá Hitler no longa A Queda.
Já os militares americanos são bonzinhos. Em uma sequência, a tela se divide e, de um lado, vemos o horror com que os russos tratam o piloto americano, enquanto no outro, a delicadeza dos americanos com o russo – até por “senhor” o tratam.
A direção de Spielberg é o que salva o filme. Muito pouco para algo que envolve dois astros do cinema. Aliás, o saldo da dupla é bem irregular: "O Resgate do Soldado Ryan" (excelente), "Prenda-me se for Capaz" (bom) e "O Terminal" (ruim).