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Criticas

007 Contra Spectre

Titulo Original: Spectre

Fim de um ciclo da Era Craig

Bruno Porciuncula

James Bond está de volta em 007 Contra Spectre, o quarto com Daniel Craig como o agente com licença para matar. E Sam Mendes retorna como diretor, após 007 Operação Skyfall (2012), com todos os elementos que consagraram a série: um personagem irônico, um vilão doentio, um capanga ameaçador, carros potentes, belas bondgirls e muita ação.

No longa, Bond descobre a existência de uma organização criminosa chamada Spectre. A partir daí, ele vai se reencontrar com o passado para acabar com a ameaça mundial. Não é bom detalhar muito 007 Contra Spectre, sob o risco de entregar algumas das surpresas que aparecem durante a projeção.

Surpresas essas que unem as pontas soltas de Cassino Royale (2006), Quantum of Solace (2008) e Skyfall, encerrando o primeiro ciclo da Era Daniel Craig na pele de James Bond.

Direção segura

Acostumado a dramas mais densos, Sam Mendes comprova mais uma vez o talento para dirigir filmes de ação – algo que já tinha feito em Skyfall.

A primeira cena de 007 Contra Spectre, na festa do Dia dos Mortos, no México, tem um belo plano sequência – recurso no qual não há nenhum corte durante toda a ação. O que já mostra o que está por vir nos próximos 150 minutos de projeção – o mais longo dentre os 24 filmes da franquia.

As cenas de ação e as perseguições de carros continuam sendo um dos pontos fortes da franquia, graças ao pouco uso de CGI – recurso da maioria dos filmes, que gravam a cena em um fundo verde e depois inserem as outras – e muitos dublês dispostos a fazer loucuras.

As bondgirls, apesar de lindíssimas, não empolgam. Mônica Bellucci, praticamente em uma participação especial, até consegue um certo destaque. Já a principal, a francesa Léa Seydoux (Azul é a Cor Mais Quente), mostra que não tem a força para o papel de Madeleine Swann – porém, nada que prejudique o saldo final do filme.

A franquia ganhou com a adição de Christoph Waltz (Big Eyes), que interpreta o vilão e líder da Spectre, Franz Oberhauser. O excelente ator é contido na medida certa e consegue transmitir, com pequenos gestos, a mente doentia do personagem – e, em algumas ações, lembra o Coringa, do Batman.

Os atores que interpretam personagens do MI6, e também partem para a ação, formam um grupo coeso, chefiados por Ralph Fiennes (M).

Fãs vão delirar

Apesar de ser um ótimo exemplar de filme de ação, os fãs de James Bond – até os antigos e saudosos de Sean Connery – vão curtir ainda mais o longa. Há referências a diversos filmes, principalmente, das eras Connery e Roger Moore.

Seguindo um pedido dos fãs, a gunbarrel – aquela famosa sequência em que James Bond atira para a câmera – aparece, pela primeira vez na Era Craig, como nos filmes dos outros atores: logo após o famoso rugido do leão da Metro-Goldwyn-Mayer.

O refinamento e a boa educação do vilão também remetem aos antigos filmes, incluindo o esconderijo em lugares inusitados. Aqui, uma cratera formada por um meteoro no meio do deserto.

Há ainda a volta e o ressurgimento de personagens clássicos dos filmes de Bond. Um prato cheio para quem acompanha os filmes de 007.

Novo ciclo

Contratado para quatro filmes, 007 Contra Spectre seria o último filme de Daniel Craig como James Bond.

Apesar de ter dito, com a famosa ironia britânica, que preferia cortar os pulsos a voltar a interpretar 007, ele já assinou contrato para mais dois longas e Bond 25 não deve demorar para acontecer, já que o ator quer gravar o quanto antes a próxima aventura. Resta tentar convencer Sam Mendes a assumir mais uma vez a direção.

E pensar que, quando foi anunciado como James Bond, há exatos 10 anos, até site "Craig não é Bond" lançaram contra a escolha dos produtores.

Hoje, é capaz de criarem o "fica Craig" por mais filmes com o ator, que já incorporou o personagem. O mundo dá voltas. E, para James Bond, o mundo nunca é o bastante.