O cinema americano continua com o velho hábito de refilmar produções que foram sucesso em outros países, mesmo que sejam produtos recentes.

Ao fazer isso com o drama argentino O Segredo dos Seus Olhos, agraciado com o Oscar de Filme Estrangeiro em 2010, consegue atualizar a história para um contexto americano, mas continua apostando no drama pessoal para falar de crueldade e vingança.

Nessa transposição, Olhos da Justiça perde certa sutileza na maneira com que apresenta o drama policial que envolve um grupo antiterrorista do FBI. Ray (Chiwetel Ejiofor) é um agente determinado que se depara com o assassinato brutal da filha de sua colega de trabalho, Jess (Julia Roberts).

Ray tenta a todo custo encontrar o assassino, mesmo depois de passados muitos anos do crime sem solução. A narrativa intercala passado e presente, buscando aí um ritmo mais intenso que envolve o quebra-cabeça dessa investigação. Ainda assim, precisa recorrer a autoexplicações em certos momentos para que a história não fique confusa.

O filme também aposta num certo flerte romântico entre Ray e Claire (Nicole Kidman), colega de trabalho novata na época do assassinato. Quando ele volta para reabrir o caso, ela já se tornou chefe do seu antigo departamento.

Olhos da Justiça funciona como thriller policial, apesar de certos problemas de ritmo. Ejiofor e Kidman são os melhores em cena. Mas é a personagem de Julia Roberts quem carrega grande parte do peso dramático do filme, revelando os caminhos tortos da justiça quando esta já não caminha do lado das pessoas de bem.