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Steve Jobs

Titulo Original: Steve Jobs

Steve Jobs revela o gênio e seus conflitos pessoais

Rafael Carvalho | Especial para o A TARDE

Ainda em 2013, Hollywood produziu uma cinebiografia de Steve Jobs, protagonizada por Ashton Kutcher. Esse novo projeto, dirigido por Danny Boyle, não parecia fazer muito sentido, mas existe aqui um olhar mais pessoal sobre o visionário fundador da Apple, o que justifica sua realização.

É menos por conta do trabalho do cineasta inglês que vem de projetos fracos (Em Transe e 127 Horas) e mais pelo texto afiado do roteirista Aaron Sorkin (ele escreveu o ótimo A Rede Social, dirigido por David Fincher, e é um dos criadores da série West Wing).

É por conta dele que Steve Jobs ganha vitalidade. O filme é verborrágico, ágil, repleto de frases de efeito. Também não está interessando em criar uma biografia convencional, mas antes em mostrar os conflitos pessoais que Jobs enfrentou para se tornar tão aplaudido.

O filme concentra-se em três momentos em que Jobs está prestes a lançar suas novas invenções, tipo de espetáculo que ele sabia conduzir como poucos, para jornalistas e fãs que ia angariando em sua trajetória. Trata-se do lançamento do Macintosh, em 1984, do NeXT, em 1988, e do iMac, em 1998.

Mas o filme prefere observar os bastidores desses eventos, especialmente nos encontros explosivos com as pessoas que marcaram sua vida profissional e pessoal. É aí que Sorkin revela seu talento como dialoguista e entrega discussões acaloradas e cheias de cinismo e troca de farpas entre seus personagens.

Homem conflituoso

Sorkin não pega leve com seu protagonista. Estão lá as acusações de ter roubado ideias de antigos amigos, picuinhas com executivos da empresa e ainda a tentativa de negar a paternidade de uma garotinha.

A genialidade de Jobs para a criação de equipamentos que revolucionaram a indústria da informática e também sua competência para a autopromoção são contrapostas a sua personalidade difícil e dura. Sabia ser rude e impaciente, sem medidas.

Quem melhor sabe domá-lo é a chefe de marketing Joanna Hoffman, interpretada por uma ótima Kate Winslet. Vivido muitíssimo bem pelo talentoso Michael Fassbender, os dois promovem uma espécie de tour de força, batendo de frente, mas sempre a fim de que tudo dê certo nas apresentações.

Steve Jobs mostra um homem cheio de imperfeições e cruezas, ainda que esteja lá o profissional visionário. Mas é na surpreendente relação que Jobs estabelece com sua filha que o filme revela os meandros humanos do homem racional.