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Trumbo: Lista Negra

Titulo Original: Trumbo

Relato necessário sobre Dalton Trumbo, o homem e sua época

Adalberto Meireles | Especial para A TARDE

Trumbo – Lista Negra trata de um dos períodos mais sombrios do cinema, do entretenimento e da história dos EUA, conhecido como Caça às Bruxas, que teve entre seus representantes mais notáveis o senador Joseph McCarthy, daí o termo macartismo.

Conta a trajetória do roteirista de cinema Dalton Trumbo (1905-1976), levado à tela por Jay Roach, aqui, imbuído do rigor necessário ao tema.

O cinema já retratou a época inúmeras vezes, e um dos filmes mais interessantes é Testa de Ferro Por Acaso (1976), de Martin Ritt, em que Woody Allen interpreta o funcionário de um restaurante que assina roteiro para TV escrito por um amigo (Zero Mostel), vira um autor consagrado e logo sente que também terá de responder à corte.

Trumbo era um dos mais notórios entre os chamados “10 de Hollywood” de uma lista negra, mantida pela indústria do entretenimento, que boicotava os artistas simpatizantes do comunismo. Como os demais, ele foi preso e proibido de exercer sua função.

O filme situa logo o tempo imediatamente posterior à Segunda Guerra Mundial, quando começa a Guerra Fria, em que os EUA e a União Sovietica, antes aliados, iniciam uma disputa fora do campo de batalha. Dalton Trumbo, em 1947, já era um autor de sucesso.

Vencedor de quatro Emmy e um Globo de Ouro pela série Braking Bad, Bryan Cranston tem a grande chance no cinema no papel. Indicado a Melhor Ator, pode até não ganhar o Oscar, mas está soberbo e esbanja maturidade ao incorporar o personagem em seu trânsito por diferentes nuances interpretativas em meio aos amigos e inimigos do olimpo.

Gente como John Wayne (David James Elliott), Sam Wood (John Getz) e Hedda Hopper (Helen Mirren), uma das mais famosas fofoqueiras de Hollywood, estão no ringue. E, por outro lado, os atores Edward G. Robinson (Michael Stuhlbarg), Kirk Douglas (Dean O’Gorman) e o diretor Otto Preminger (Chistian Berkel).

Escritor de filmes como Adeus às Ilusões (1966), O Homem de Kiev (1968) e Papillon (1974), Dalton Trumbo ganhou o Oscar duas vezes: em 1953, por A Princesa e o Plebeu, assinando como Ian McLellan Hunter, e em 1956, por Arenas Sangrentas, como Robert Rich. Dirigiu um único, o magnífico Johnny Vai à Guerra, em 1971, que foi proibido no Brasil pela censura do governo militar.

Em Trumbo – Lista Negra, Jay Roach conduz genuinamente o roteiro de John McNamara. Com mão invisível, cheio de tiradas irônicas e muito sarcasmo, em meio à paranoia macarthista, descreve o quadro de um homem e sua época. Um filme que às vezes pesa por sua longa duração (tem pouco mais de duas horas), mas é bem-humorado e radicalmente necessário.