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Criticas

A Garota Dinamarquesa

Titulo Original: The Danish Girl

O pioneirismo da transgenia

Rafael Carvalho | Especial para A TARDE

Na década de 1920, o pintor dinamarquês Einar Wegener (Eddie Redmayne) vive com certo conforto e sucesso artístico junto com a esposa, a também artista plástica Gerda (Alicia Vikander). Por urgência, ela precisa que uma modelo usando um luxuoso vestido pose para ela. Sobra para o marido.

Esse é o ponto de partida para a descoberta da identidade de gênero de Einar. O que começa como uma brincadeira, afeta o psicológico do homem que se sente cada vez mais atraído pela condição feminina.

E daí surge a persona que ele cria para si: Lili Elbe. A Garota Dinamarquesa abraça a história desse personagem pioneiro na discussão e enfrentamento social dos transgêneros.

Afetações e maneirismos

O diretor Tom Hooper já levou um Oscar por O Discurso do Rei e adaptou o romance clássico Os Miseráveis. Ambos realizados com certas afetações de direção um tanto quanto duvidosas.

Em A Garota Dinamarquesa o cineasta aparece mais contido, mas ainda assim tem de lidar com um roteiro frágil. O texto pouco se debruça sobre a complexidade desse tipo de atitude, e está mais interessado em revelar o deslumbre do personagem cada vez que ele se veste como mulher.

E mesmo Redmayne, indicado ao Oscar de Melhor Ator, não foge das caras e bocas para compor o desenho desse personagem, abusando dos efeitos femininos, sem grande profundidade que o tema exige.

O filme também não segura o tom de maniqueísmo que passa a perseguir os caminhos do personagem na tentativa de mudar de sexo, apesar de todo o conservadorismo da sociedade. Mas careta também é a condução simplória e asséptica que Hooper dá ao filme.