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Criticas

Mundo Cão

Titulo Original: Mundo Cão

Retrato do instinto animal que persiste no homem urbano

Rafael Carvalho | Especial para A TARDE

Com Estômago, filme de 2007, o diretor Marcos Jorge, então estreante no longa-metragem, se propunha a fazer algo que fosse atrativo para o grande público e interessante do ponto de vista narrativo – coisa um tanto rara na produção nacional recente.

Depois disso, fez outros dois longas pouco vistos, Corpos Celestes (2009) e O Duelo (2015), este último baseado em romance de Jorge Amado. Agora, o diretor volta com esse Mundo Cão, na expectativa de se comunicar mais com o grande público, muito embora sua história vá perdendo a inspiração com que se inicia.

Existe um começo promissor, apresentando um Lázaro Ramos como vilão caricato – tipo durão, chefe de uma rede de apostas, criador de cães de grande porte com os quais faz medo nas pessoas que lhe devem dinheiro.

O filme tensiona um conflito quando faz o personagem se bater de frente com Santana (Babu Santana), que trabalha na rede de zoonoses da cidade de São Paulo, capturando animais de rua perigosos. Tem o azar de pegar e sacrificar justamente um dos rottweilers do chefão do pedaço.

Mundo Cão  investe na história de perseguição, repleta de reviravoltas. Há algo de certo humor negro ali, mas logo os acontecimentos tornam-se mais fortes, e o filme se transforma numa espécie de conto moral sobre a vingança, com desdobramentos trágicos para todos os envolvidos.

A trama que confronta esses dois homens resvala na família de Santana, em especial no seu filho pequeno e também na esposa Dilza (vivida por Adriana Esteves).

No entanto, a partir de sua segunda metade, a trama acaba por se tornar tão rocambolesca que o filme apresenta uma série de pequenas fragilidades no roteiro, em especial nas motivações dos personagens. Ainda assim, vale pelo retrato da crueldade e do instinto animal que persiste no homem urbano.